A Guilda dos Melancólicos

Blog eclético, hermético e patético

sexta-feira, dezembro 22, 2006

DESEJO UM FELIZ NATAL A TODOS EHEH...E OBRIGADO A QUEM DEU A IDEIA DESTE SITE....ESTÁ GIRÍSSIMO ;O)

http://www.elfyourself.com/?userid=42a0e066eb3e26f75b9167bG06122214

terça-feira, dezembro 19, 2006

Bem hoje decidi escrever mais um dos meus maravilhosos textos. Como estamos na época do Natal até poderia ser ligado á quadra Natalícia, porque não?
Mas não... hoje vou deixar uma ou outra linha de pensamentos um pouco distantes da quadra:
-Mais um dia de trabalho. Hoje cheguei um tanto ao quanto desanimada. Razões? inúmeras, só eu e Deus sabem que o meu regresso a Almada é povoado por imensos fantasmas que vão assombrando o meu caminho.
Antes de chegar ao lar doce lar, parei no meu 2º local de trabalho- o escritório do Xavancas ( foi assim denominado e acabou por pegar moda). Não é um sitío que preze muito. Se calhar nem pouco. É-me indiferente e ao mesmo tempo consegue em certos periodos de tempo destabilizar aquilo a que chamo harmonia interna. Conflitos que eu própria nem sei como se originaram mpoem o meu Ser,... chego até a pensar e repensar neles, mas todavia não encontro a fonte causadora disto e mesmo os fundamentos lógicos dos problemas...whatever.... Sinceramente...acho melhor nem procurar mais. Esquecer, será a palavra que melhor se adequará .
Como se já não bastasse o grande dia cheio de trabalho, problemas no 2º local de labuta diária chego a casa para ir de encontro a mais uma das belas sagas quotidianas.
Hoje, senti a falta da minha melhor amiga. Eu costumo guardar para mim as coisas ou então partilho com a pessoa que mais me ouviu nesta vida....15 anos ou mais é qualquer coisa de raro hoje em dia onde as amizades são frageís.
Desde uns tempos para cá...para ai um mês decidi conter-me mais nos meus problemas. Ficar mais calada, sempre com medo de ser conhecida pela Joana dos ai ais...das lamentações. Não quero!
Só que confesso, aqui ao blog que nesta 3ª feira senti-me realmente sózinha neste meu vasto quarto....
enfim...respirar fundo e continuar que a caminhada ainda vai a meio....
sinto a tua falta amiga...

domingo, dezembro 10, 2006

Uma noite porreira

Vim aqui ao Blog para dizer que ontem foi uma noite muito fixe. O clube esteve todo reunido. Foi uma noite hiper divertida, pelo menos achei que sim.
Fazia tempos em que já não estavamos todos juntos e com tanta diversão.

Enfim, como eu digo há noites e noites, e umas são sempre melhores do que outras. A noite de ontem sem dúvida que se destacou....pela positiva, claro!
Gosto de saídas assim...em que reina a harmonia, o espiríto de grupo, a alegria e os momentos de risada e de dança são abundantes. E....olhem ipp ipp hurrê e viva á Presidenta...LOL

sexta-feira, dezembro 08, 2006

O blog para mim tornou-se uma espécie de confessionário. O sitio no qual coloco as coisas que vêm à alma, metafóricamente, secamente, ilustradamente, poéticamente.....whatever...
Hoje vim contar a história de uma flor. Ora bem, a flor decidiu ir a um jardim, onde é povoado por imensa relva, árvores, bicharocos e outras flores suas companheiras e amigas.
A flor protagonista da breve história é um ser bastante normal, simples....colorido talvez e até mesmo uma flor com a sua beleza, .......apesar de tudo....sou da opinião de que todas as flores têm a sua beleza íntriseca.
Nesse dia de ida ao Jardim, a flor achou-se com as pétulas caidas, sem cor e até sem cheiro. Falava a flor acerca do seu sentimento....quando em reunião outras flores achavam que ela não era digna da "visão" de uma bela árvore pela qual ela estava entusiasmada.
As flores diziam que ela não reunia a beleza suficiente para que a árvore reparasse nela....enfim...
A mim contaram-me esta história. Eu cá fiquei triste e acho que a pequena flor, humilde e simples que é também ficou.
Muito provávelmente essa florzinha é modesta, super simples no modo de estar e de viver, provávelmente retraída no seu jardim, mas...terá concerteza as suas vantagens.
A flor ficou muito infeliz....e estupidamente se inferiorizou perante as rosas, as orquídeas e jasmins...uma vez que acham que ela será uma flor de vaso de casa não devendo sequwe sonhar em se chegar á árvore...a....porque ao contrário delas terá um modo simplório, menos ousado e audacioso de encarar a vida no meio de tanta "vegetação" e não reunirá os requisitos daquilo que será esperado, pela árvore, de 1 bela e bonita flor!!!!!
Será que têm razão? a árvore desprezará flores assim? ignorará flores escondidas ao seu canto?
Não sei...acho que nem sequer comento uma história destas. Provávelmente até a mim me chocou!!!!!!!! sendo a última vez que blogarei acerca disto. Se a flor é indigna de um dia chegar à àrvore de que ela tanto quer...porque as outras flores acham-se mais bonitas, com mais vida e sabedoria...quem sou eu, humana e não flor, para comentar um assunto destes. calo-me, deito-me ...e ficarei a cogitar acerca disto...
Será que têm razão?....odiaria inferiorizar a pequena flor....mas se a árvore chega até achar mais piada às outras flores do mesmo jardim, passando a protagonista despercebida....!!!!!
Provávelmente estarão cobertas de razão. A história acaba aqui. E eu calo-me. De facto a flor é como se fosse invisível, contudo....acaba por ser descolorida e mirrada pelo seu próprio meio de botânica.
Ámen....

terça-feira, dezembro 05, 2006

É certo e sabido que a atitude retro está na moda. Como tal, esta semana há um cd do Fausto a tocar no meu carro.

Tenho que reconhecer que dou pulos de alegria quando, ao comprar música às escuras, esbarro em algo que verdadeiramente me agrada. É como se descobrisse aquele talento para o qual nunca ninguém olhou com olhos de ver. Na verdade, na maioria das vezes estou somente a comprar álbuns de êxito com décadas de atraso. Sinto-me, portanto, como aquele que se ri da anedota quando já todos os outros se calaram.

Já se sabe: o último a rir é o gajo que não percebeu a piada.

Aos que já cá não habitam

Hoje escrevo meia dúzia de palavras em homenagem aos que já cá não estão, mas que ainda assim são e serão sempre dignos da nossa recordação mais carinhosa.
O Natal está a chegar, e ainda que estivessemos no verão gostaria de deixar umas linhas dedicadas aos que na minha mente e coração permanecerão até que seja viva.
-O Hugo era um rapaz espectacular. Nunca me esqueço de que naquele dia de Carnaval combinámos ir ao Peter Bar no Parque das Nações. Foi naquele dia que conheci-o melhor e tivemos a oportunidade de socializar verdadeiramente. Desde ai ficámos muito amigos. Foi uma pequena mas bela amizade. A sua maneira excêntrica de olhar para o mundo sempre me cativou. Tenho saudades das nossas conversas.
Um dia a sua paixão, a mota, levou-o desta vida....hoje sabe-se lá onde para mas de certo num local extremamente merecido...És e serás sempre recordado...
- Os meus avós paternos eram pessoas muito especiais. Eram pessoas de coração gigantesco.
A minha avó fazia-me todas as minhas vontades, sobretudo a bela e boa doçaria, a minha perdição.
Foi num Natal lá muito atrás que adoenceu. E um dia nunca mais acordou.
O meu avô, era muito rigoroso. Conservador e por vezes autoritário. Um dia voltou a casar. Foi feliz durante uns anos, até que a doença o levou. Tanto o meu avô e avó morreram de cancro.
Costumávamos passar o Natal todos juntos. Era uma alegria. Hoje...somos menos, mas com um belo sorriso recordo-me deles. Creio que odiariam que eu ficasse triste pela ausência...
E ao fim ao cabo estão sempre comigo, mais que não seja no coração!
- A gémea era uma rapariga muito minha amiga e da minha Irmã. Fazia ballet....chamava-se Rita.
A Sofia foi a que mais sofreu com a sua eterna partida. Dizem que as gémeas sofrem mais. Eu disso não entendo. Acho que a morte custa-nos a todos. Talvez mais a eles do que a nós, contudo quem sou eu para ajuizar....a Sofia sabe aquilo que sofreu. Sobretudo quando antes da morte da Rita o pai tinha falecido de linfoma.
A Rita era muito alegre, optimista e costumávamos ir para a rua brincar às escondidas.
Já maiores continuámos a ter uma bela amizade. Já não eramos vizinhas, mas a amizade não tem fronteiras....
Os anos passaram...elas(Rita e Sofia) mudaram-se para a Sobreda. Como jovens que eram quiseram ter mota e carro, quiseram fazer férias com amigos, idas à discoteca, festas...etc etc...
Foi numa noite de diversão que tudo mudou. Um acidente de carro levou a amiga Rita do nosso seio....
A vida é dura e cruel quando quer....
No fundo vim aqui ao blog homenagear estas pessoas que fizeram parte da minha vida e nela tiveram o seu papel, fosse ele curto ou comprido.
Apesar de cá não estarem....habitarão sempre os meus pensamentos mais carinhosos.....
Adoro-vos a todos....
Fiquem em Paz....

segunda-feira, dezembro 04, 2006

O Natal de Mr. Bean

Quando hoje comentava com a Sónia quão maravilhosa era a minha decoração de Natal, ela intrigou-se porque raio decoraria eu a casa.
Por um segundo senti-me tão patético como o Mr. Bean.

domingo, dezembro 03, 2006

Uma boa noticia


Hoje decidi ir logo de manhã ao portal da OA/formare ver se tinham saido mais notas dos cursos que realizei. E sim posso dizer em voz alta IPP IPP URRÊ...ora bem, consegui mais 1 bolsa de créditos. As notas foram boas e hoje seria dia de "festa" ou de "comemoração" mas.... eu faço um brinde a mim mesma....
Hoje seria daqueles dias que andaria a dizer a tudo e todos.....diria : " vamos sair, comemorar....!!!???" só que....preferi ficar no silêncio do que poder ter a probabilidade, e grande, de ser ignorada...whatever!
Domingo era para ser o dia de despedida da minha melhor amiga, mas ela está doente. Então deu mais tempo para eu, e outras amigas preparar algo ainda maior e melhor.
E pronto o meu Domingo fica um tanto "abafado". Queria muito poder partilhar a minha alegria. A familia é o que é... e eu sou o que sou...

Pensando sobre isso...

As mulheres da minha vida estão cada vez mais giras. E à medida que as vou revendo penso para mim que fui um grande idiota em deixar escapar cada uma delas, eheheh.
Mas é como dizia hoje, à Marisa. A cidade é um prodígio de hipóteses. É sempre emocionante perguntarmo-nos o que trará o dia de amanhã.
Até lá, sitting, waiting, wishing, ou lá como é que diz o Jack...

Zen 2

Hoje de manhã fui soltar o Zen. Apareceu bem disposto à porta e seguiu a sua vida. Vi-o ocasionalmente uma vez ou outra que fui à janela ao longo do dia. Depois perdi-lhe o rumo. Mas quando voltei pela meia-noite de jantar fora, lá estava ele. Concordou em entrar comigo no meu prédio mas já não concordou em dormir na arrecadação, mesmo se o tentava cativar com ração que hoje comprei de propósito. Gentilmente retirou-se. Deixei-o sair do prédio e lá foi ele, sabe-se lá para onde.
Não posso salvar o Zen. Não lhe consegui dar um lar e aquilo que lhe posso oferecer não é o que ele quer aceitar. Como censurar? Tenho uma saca de ração e uma oferta de um tecto para quando ele precise. Até lá, Godspeed, Zen.

sábado, dezembro 02, 2006

Sem ti em mim

A minha vida tem andado pacífica. Parece que as preces foram ouvidas. Tenho tido muita paz, ando bastante positiva e posso dizer com todas as certezas que existe harmonia em mim.
Hoje, porém, quando aqui vim ao blog apetecia-me escrever qualquer coisa das mil palavras que em mim necessitam de serem expostas...e escolhi decididamente o tema "Sem ti em mim".
Ora bem, eu digo que tenho muitas vezes nervos de aço. Só eu posso escutar coisas que me fazem um mar de dor no qual morro aos poucos afogada nessas palavras que aos outros são banais mas que em mim são perfurantes como punhais. Às vezes acho que sou um pessoa com grande capacidade de suportar a dor. Custa a muita gente saber que a nossa "pedrinha especial" escolheu uma nova "pedrinha" para fazer companhia e contar as suas histórias, expôr os seus sentimentos, desejos, medos e alegrias. E quando digo hoje, digo com frequência em outros dias. Eu gosto muito dessa pedra especial, porque para mim tem qualidades raras, e não me importo de saber desses acontecimentos porque tenho generosidade suficiente para achar que se a pedrinha fica feliz assim, também eu estarei em sabê-lo.( o não importar significa que não desejo mal...importar importo-me no sentido de que sofro ao sabê-lo! e sei hoje, ontem, etc etc...e não é a 1ª vez que a dita pedra chega a dizer sorridente: hoje escolhi um topázio. Ontem escolhi uma esmeralda, e antes de ontem uma safira!!! :o( )
Se eu dissesse que tive vontade de chorar aqui no meu quarto, sozinha para que ninguém se apercebesse disso...doía-me tanto a garganta do esforço que fiz para não soltar uma lágrima.
A mana Andreia disse-me um dia, enquanto eu chorava por situação semelhante: "achas por mais especial que sejam as tuas pedrinhas valham a pena as tuas lágrimas? nada merece isso, Joana. Eu sei como és. Não é fácil. Mas pensa que um dia, irmã, um dia terás contigo a pedra mais linda do Universo e ai sim, serás feliz para todo o sempre, tal como eu sou."
Na verdade, o mais estranho de tudo é que não sou capaz de desejar coisas más do género: "que essa pedra e a outra pedrinha se partam todas"" que essa reunião de pedritas acabe mal...ou dê mal"... aliás consigo sempre ser boa nesses assuntos e pensar: " acima de tudo, que a pedrinha do meu coração sorria muito e muito, e se não é comigo, então que seja com alguém que saiba estimar a sua raridade e beleza.
Escrevo o blog com muita vontade de chorar e deixar mesmo de escrever na Guilda dos Melancólicos, proque se é um altar de desabafo, por vezes ao se escrever.... tudo vem à memória e por consequente as lágrimas idem.
Eu sei que não podemos obrigar a que sejamos os "escolhidos" eu sei, tenho maturidade e discernimento suficiente para ajuizar disso. Mas também sei que não conseguimos controlar os sentimentos.
Só queria poder ter a oportunidade de mostrar como eu também sou especial. Como também poderia mudar muita coisa, contudo...o tempo passa, eu vou desistindo...e a pedra vai perdendo brilho. E se eu tenho dias que quero dar-lhe lustro outros prefiro que baça seja.
Mais uma noite do sem ti em mim...sabendo que desejas de estar com o teu Eu em outra...

Os bichos

Enfim para os que adoram animais e já que neste blog se fala deles...deixo aqui um site de uma associação, na qual sou sócia e voluntária, que acolhe sobretudo cães.
Ao contrário dos canis, qualquer animal que ali pare tem no minimo condições para viver. Não os matam. Tentam criar-lhes um lar, contudo defrontam-se com uma série de dificuldades. Recorrem ao pagamento de quotas e a pequenas ofertas: comida, mantas, brinquedos etc etc...
É uma associação espectacular na Aroeira. Enfim para os que adoram animais vão ao site e descubram as funções, histórias, o voluntariado,...enfim...há lá de tudo um pouco

www.aoaaa.web.pt

Zen

Todas as estórias têm um início. Esta também tem, apesar de ainda não ter um fim...
No outro dia quis ir à rua, ia buscar algo ao carro. O Hamlet insistia em meter-se no elevador e como eu até estava de bom humor às tantas pensei, "Que Diabo Hamlet, hoje faço-te a vontade, vamos passear à rua." Hamlet portanto ao ombro, em pose de papagaio e ala, que aí vamos. Ao sair a porta do prédio reparo num cão que nos observava à distância de alguns metros. Um cão girissimo com a cabeça quase simetricamente dividida num hemisfério negro e outro branco. à cautela segurei melhor o gato, não fosse o diabo tecê-las, embora aquele cachorro de olhar esgazeado me parecesse inofensivo.
Voltei para casa.
Nos dias seguintes, cada vez que saísse a porta, cruzaria o cão, que me viria cumprimentar, aliás como a toda a vizinhança. A conclusão óbvia era a de que fosse perdido ou abandonado, já que tiveram inicialmente um aspecto cuidado, que se gorava de dia para dia. Não pensei muito nisso. Nem sei bem porquê. O mundo está cheio de pequenas misérias e os cães de rua são só mais uma. Aceitamos, tornando-nos um pouco mais insensíveis e esquecemos ao virar a esquina.
Até aquele dia. Quinta-feira. Saí de casa e lá estava o bicho para me mendigar uma festa à saída da porta e para me acompanhar até ao carro. Tive tanta pena. Saí para mais um dia. Mas nesse dia cruzei algumas cenas inusitadas, ou então foram banais e era eu que estava mais disperto. Reparei no velho cão pertença de todos e de ninguém que vi ocasionalmente pachorrento na estação de comboio. E o cão guia que levava diligente a cega no metro. Ao longo do dia, ocasionalmente, lembrou-se-me o cão da minha praceta. Foi vindo e indo. E não estava de todo a pensar nele quando à noite cheguei de carro. Algo se me atravessou à frente do carro e travei brusco. Assomei à janela. Era o bicho. Saí, cumprimentou-me. A mim e a todos os que passavam e o iam afagando. Encorajado, tentava seguir cada um para lá da porta de mais um prédio, sem que nunca o deixassem. De novidade tinha um arranhão no nariz, má sorte rosnada de outro cão qualquer. E a mim começava-se-me a partir o coração. Não é meu hábito já o disse, e com vergonha, querer para mim estas cruzadas. Mas pela minha saúde que estava tristíssimo. Subi a casa e fui à janela. Lá continuava ele, de porta em porta, de afago em afago, à procura de algo mais. Que fazer? Que poderia eu fazer? A sonhar com um tiro de sorte lá deixei topic no messenger em busca de ajuda. Entretanto cozia arroz onde misturei alguma da ração dos meus gatos. No fim lá fui deixar algo que salvasse o cão vadio por mais umas horas. Desci, procurei, e por muito que tentasse, não o encontrei. Mas encontrei um prato com ração que outra pessoa lhe deixara igualmente. Juntei a minha contribuição e voltei para casa.
Era tempo de pensar em soluções. A Joana ajudaria no que fosse preciso. A Margarida também. Talvez ir alimentando o bicho, pagar um veterinário, comprar uma casota onde se pudesse abrigar. Mas não, não podiam ficar com o cão. Eu também não. Até que falei com a Daniela e fiquei tão, mas tão contente. Talvez, apenas talvez, que a Daniela é humana e a generosidade humana não é tão ilimitada como a de um cão - e por isso, confesso, temo ainda que a Dani possa hesitar- mas dizia, a Dani comoveu-se com a sorte do bicho e considerou ficar com ele. Combinámos que eu tentaria apanhá-lo Sábado de manhã e ela viria vê-lo. Mas entretanto o pobre cão pedia um nome. Discutimos alguns minutos e não demorámos a encontrar uma resposta óbvia. Seria o Zen! Um cão da Dani teria necessariamente que ter esse nome, concluí.
Entretanto era Quinta-feira de madrugada, e esperava-me uma viagem de dois dias para a Alemanha em trabalho. Fui e, ocasionalmente, na azáfama, lembrei-me do Zen e perguntei-me da sua sorte. Voltaria a encontrar aquele focinho meigo?
Hoje cheguei a casa já tarde, para lá da meia noite. Tem chuviscado. E está frio. No canto do Zen alguém deixou mais comida, água e uma manta velha. Senti-me contente e grato. Mas que é do Zen? Olhei em redor. Nada. No fim desisti e segui para casa. E à porta do meu prédio, lá estava ele, a tremer de frio, triste, enrolado sobre si mesmo. Não sei se fiz bem. Mas sinto que não poderia fazer outra coisa. Fiz-lhe festas, e trouxe-o comigo. Deixei-o a dormir na arrecadação, em cima de um velho tapete e um alguidar cheio de água.
Amanhã o futuro pertence à Dani.
O Zen pode ser um bicho feliz, agora que até nome já voltou a ter.
Ou eu posso ter que fazer algo que me custará imenso.
Se houver um Deus que goste dos homens e dos cães, Ele que nos ajude a ambos.