A Guilda dos Melancólicos

Blog eclético, hermético e patético

terça-feira, novembro 28, 2006

Parábola dos Ruis

Em 1979, algures num dia de Verão, separados apenas por algumas horas e a distância de algumas portas de corredor, a velhinha Alfredo da Costa dava mais dois filhos à cidade. Não se sabe o que pais tão diferentes teriam em comum para lhes ocorresse uma mesma ideia. Talvez fosse moda, e a moda da escolha de um nome é um reduto democrático onde ao pobre e ao rico se franqueiam as mesmas opções. Pouco importa. O que é certo é que ambos os míudos se chamaram "Rui". O mesmo nome deve ter sido ironia divina, chacota às esperanças do Rui que nessa mesma noite foi levado para os Olivais, não sei. Porque de resto, a sua vida em nada se comparou à do homónimo que cresceu em Alvalade. Aqueles dois destinos eram duas linhas em "V", que a cada dia que passava se afastavam irreconciliavelmente em sentidos opostos da velha maternidade.
Um dia reuniram-se, no 5º Juízo Criminal. Mais uma oficiosa para o jovem estagiário. A carreira do Rui estava a começar. Pequeno tráfico. Arguido preso. Coisa pouca. Mas se o Rui lhe tivesse contado mais- e se ele quisesse ouvir- saberia que tinha sido aprendiz de carpinteiro, trolha, heroinómano, ladrão, preso. Um filho do ventre de uma prostituta de rua. Hepatite B no Curriculo. A vida do Rui estava acabada, antes dos 30, certamente, o contava cada ruga precoce no rosto de velho anacrónico.
O Rui voltou para o escritório a pé, com a toga do patrono enrolada num braço, pasta de couro na outra. A cidade livre tranquilizava-o sempre da claustrofobia que irremediavelmente o constrangia naqueles dias. Como se as grades de um Rui pudessem reter o outro. Pensou na estranha coincidência do desgraçado que nascera como ele, naquele dia, naquela maternidade, com aquele nome. Agora ali mesmo à sua frente! Rui Pimenta, mais filho da puta do que filho de Deus... ... da Alfredo da Costa para a Pinheiro Chagas, o fado de um desgraçado, em que do início ao fim dir-se-ia que era só atravessar a rua. Parou. Acendeu um cigarro. Um pai sorridente sai a porta da maternidade com um embrulho delicado que aperta contra o colo. "Será um Rui?" - e naquele momento o Rui sentiu-se triste.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Dias mais carentes....

Hoje despertou em mim umas saudades...velhos tempos. Velhos sentimentos. Quando deparamos com pessoas que foram significativas nas nossas vidas ficamos sempre a remoer lembranças, momentos, conversas...a própria vida que tivemos com essa pessoa.
Hoje, quando eu menos esperava dou de caras com o meu ex namorado, o Bruno. Não que me faça confusão vê-lo. Já se passou muito tempo. A mim não me diz nada mais do que um passado em conjunto, contudo....veio a saudade da vida a dois.
Foram bonitos momentos. E sim, ando com saudades desses momentos que nos dão tanto calor à alma. Um cinema, um teatro, uma ida ali acolá, um jantar, uma noite calma a ouvir um bom cd, a ver um belo filme ou a beber um bom copo de vinho, as carícias, as palavras de amor, ternura, o mimo....
E eu, neste momento, quando achava que podia contornar estas faltas...é quando me senti pior!
Depois o Natal à porta....claro que gostaria nesta altura pensar: "que presente vou dar à pessoa especial?" mas....não é questão que se coloca por agora.
Sinto falta de uma cara metade, nem é uma fase...é mesmo a necessidade de um complemento que aos amigos é inacessível...
Resta-me distrair desses lados mais carentes..

Às compras sem ti

Fui ao Shoping sem que tivesse um propósito exacto. Apetecia-me simplesmente não vir logo para casa. Exorcizar os demónios, por instantes que fossem, a comprar algo. Uma insignificância qualquer como a que agora tenho em cima da mesa, para que me permita o regozijo de pensar que já não me falta tudo. O Fórum Almada já cheira à abundância natalícia, à espreita da carteira recheada de quem a tenha. E eu meti-me a passear, de loja em loja, sem rota muito certa, indeciso do investimento. O preço que coubesse no meu magro orçamento, a compra que me preenchesse nem que fosse um bocadinho, a escolha que o Hamlet não arruinasse em dias, enfim, os considerandos eram muitos. Nas minhas divagações de caminhas, ocorreu-me que sempre achei que o Centro Comercial era o templo dos casais. E a recordação das minhas próprias ideias devolveu-me uns meses atrás ao tempo e a uma tarde de Verão em que a Ivone me arrastava de montra em montra. Lembro-me de ter partilhado com ela esta minha associação entre casais e centros comerciais e de ela me ter perguntado de chacota se só a queria para poder passear por ali. Agora, meses volvidos, lá passeava eu de novo pelo corredores. Sózinho e na verdade a sentir-me um pouco só. Não tive saudades da Ivone. Aliás, a graça é que não tive saudades de absolutamente ninguém, a pressupor que isso significaria que quereria essa pessoa ali comigo. Saudades de ninguém e no entanto saudades de alguém...
Enfim, tanto se tem falado de amores e de pessoas amadas que eu achei que também queria molhar a colher na sopa. E olhem, já que não existe gaja malvada que me provoque taquicardia, ficou esta homenagem ao deserto de um lugar vazio.
P.S. - Comprei uma caixa girissima onde colocarei as minhas malhas. Veremos o que faz o Hamlet...

A estas horas 0:46 vim aqui dar o meu grito: ahhhhhhhhh......(lolololol). A minha cabeça está muito confusa. E quando queremos obviar a esta confusão metemo-nos em coisas ainda mais complicadas.
Os sentimentos, desejos, o bater do coração personalizado não se coloca de parte em horas, dias...nem em semanas. E tentando contrariar essa lei, que absoluta é...(a experiência demonstra que sim) caí na asneira de ser ARROGANTE e achar que conseguia enganar a mim mesma. Tonta, sou uma tonta. Posso até apostar ou tentar correr o risco de no dia à dia olhar ao espelho e dizer: "sim está tudo bem!", Mas cá dentro, eu sei que não. Queria tanto mas tanto contrariar--me!!!!!!!!!
Fogo, que neura. Odeio estas coisas. Sei que não as quero, nem elas a mim, mas a realidade é que não dá para esquecê-las.
........Como fazer? .....já tentei de tudo....e volto ao mesmo. Raio de karma o meu...bato à porta errada. Aliás não bato, porque no fundo no fundo sei, que a porta não vai nuca abrir para mim. Abre-se para muita gente, para a Joana nem por isso.....

sábado, novembro 25, 2006

Neste Natal


Querido Pai Natal,
Neste Natal queria que a minha avó ficasse melhor, uma vez que dia após dia vai-se esquecendo das pessoas, coisas, do tempo, enfim de tudo...qualquer dia já nem sabe quem sou eu!
Gostaria que o meu gato Pitucas chegasse aos 20 anos sem qualquer dor ou sofrimento. Desejava que a "Paz" reinasse na minha casa. Que finalmente se tomasse consciência de inúmeras coisas. Sonho que tudo de negro a rosa passe, e qui ça o Pai Natal equacione esse pequeno detalhe que na minha vida faria toda a diferença.
Por outro lado gostaria muito que a minha carreira corresse bem. Conseguisse atingir meus objectivos. Um deles seria: passar na agregação...eheheh....
Aos meus amigos desejo que todas as suas ambições se concretizem. Que tudo lhes corra bem, e muito pensamento e energia positiva.
Em suma peço ao Pai Natal que dê acima de tudo maior relevo aos meus desejos espirituais que aos materiais, sim porque também os tenho e são imensos. Mas se tivesse que escolher quais os prevalecentes...não hesitaria.....

sexta-feira, novembro 24, 2006

Um piano

Desde muito tempo que adoro a música. Quando tinha 6 anos decidi ser pianista. O sonho continuou uns bons tempos. Decidi um dia aprender a tocar piano. Tinha eu os tais 6 anitos quando me ofereceram um pianinho com umas míseras teclaszitas. Acreditem ou não...nesse mesmo pianito aprendi sozinha a música de gente de um palmo e meio :"o dó ré mi ....." e desde ai foi sempre a subir.
Do piano de pequena escala, passou a um orgão cassio muito básico no qual passava tarde entretida a pensar: " E hoje qual vai ser a música que vou tocar?". Tinha de facto e ainda tenho um dom especial para o orgão e piano. E hoje possuo um belo e fantástico Cassio cheio de artimanhas para eu usar!!!!! ehehehh
Os meus amigos, porque podiam, andavam em escolas como a "Clave de sol" a aprender a tocar como deve ser, a colocar bem a mão....a ter a postura correcta de um verdadeiro génio da música. Eu não podia, porque enfim...eram épocas menos fartas cá em casa. E para que nada faltasse haviam prioridades: bons livros, livros da escola, despesas em médico porque sempre tive uma saúde frágil. Os meus pais contam que tiveram dificuldades quando andavam comigo de médico em médico por causa dos meus problemas de estômago. Por todas as razões que enunciei e outras mais, até porque não era filha única, não fui para a escola de música.
Recordo-me de uma amiga ter os livros, onde aprendi a ler as pautas, até porque no ciclo ensinavam as bases...e eu com 11 / 12 anos de idade já sabia ler e era muito mais avançada do que os outros meninos.
O meu sonho...cresceu muito durante uns anos (o auto didactismo sempre foi evidente.)..até que um dia caiu por terra . De facto Portugal não é um país onde se vá longe com uma carreira musical. As cunhas e a sorte ditam muito do nosso destino. Meus pais,um dia disseram que o Conservatório não seria se calhar a escolha mais correcta. Viveria de quê? há sempre um ou outro que se destaca e vai para fora, verdade! mas arrogar-me-ia que seria eu??? podia ser como não ser....
O meu sonho terminou. Passou a ser hobbie. Já mais crescida, pensei no que queria ser....gostava muito de falar, convencer as pessoas, levar até à exaustão as conversações e discussões. Provar que sou eu que tenho razão....dar a volta ao assunto...tornar o impossivel possivel ....logo pensei: "seria uma boa advogada!". E foi o que sucedeu. Direito...5 anos da minha vida. Gratificantes? podemos dizer que em parte sim. Se tem futuro? para os bons, terá. Para o advogado de sociedade, sim! para aquele que tem a bela e boa da cunha, sem duvída.
E para o talentoso, o que por mérito se vai revelando? pode ser que sim...tenho fé que existam casos desses....porque não? eu conheço. Poucos, mas existem.
A minha música, outrora o sonho que comandava a minha vida ficou de parte. Há dia que me sento na minha cadeira e toco uma música clássica, outra mais contemporânea....e qui ça um rock levezinho.
Dias tristes que se chegam a converter em dias alegres onde eu e a música tecemos uma bela e harmoniosa conversa. Onde tudo corre bem onde não exigimos nada....nem ela de mim nem eu dela...deixamo-nos ir ao sabor das notas músicais. Se tudo na vida fosse música, eu estaria bem melhor! mas não é...eehhehe.....
Quando estou fustrada decido tocar....quando estou com medo toco....contudo há dias que nem uma nota musical sai....são aqueles dias em que nos sentimos apaixonados por algo....já temos tanta música interior que não necessitamos de mais nada. Apaixonados pela vida, por algum momento em particular,por uma pessoa, por uma palavra, gesto, sorriso....e ai nada é substituido por Bach, Mozzart, Adagio, Horner, Zimmer, Newton....
Só o tique taque da alma nos faz sentir bem!
A música mais pura que pode existir. O som do nosso corpo, do nosso EU!

quarta-feira, novembro 22, 2006

Mudança

Hoje estou de mudanças. Mudar muita coisa na minha vida. No caminho para casa equacionei uma série de questões que esta semana romperam na minha mente.
Decidi mudar aspectos cruciais. Mudar para melhor. Não deixar que as minhas "vontades" se reprimam.
A Andreia não é o meu modelo a nivel de conselhos. Mas numa coisa ela não falha: tenho que tentar evitar gestos generosos em demasia. Responder mal quando deva. Não calar-me quando tenho que gritar ...enfim... deixar de me preocupar com o que resultará...ou seja deixar de ter um lado preventivo...
Hoje, nesta 4ª feira decidi mudar a sério. E peço a Deus que me ajude a conseguir. Estou muito decidida a fazer grandes alterações. Muitas vezes dou o melhor de mim e não sou sequer reconhecida (acontece-me imensas vezes). Podia falar em milhares de exemplos, mas não vale a pena. Isso hoje para mim é passado.
Uma coisa hoje aprendi durante os cerca de 10 minutos no comboio: ignorar....deixar ir...não temer....o que tiver que vir virá ...e assim vai suceder.

terça-feira, novembro 21, 2006

Futilidade, mas soube bem...que se lixe.

Hoje ao contrário dos restantes dias não vou filosofar, ou escrever coisas que à 1ª vista parecerão uma coisa mas no fundo de meras histórias se tratam.
Hoje vou escrever sobre um pedacito do meu dia de trabalho. Como um comentário normalissímo me fez sentir tão bem. E acreditem que alegrou a 3ª feira de labuta....
Hoje acordei cedo, eram 6h30m. Escolhi uma roupa dentro das muitas que tenho: uma saia cinzenta e preta e um camiseiro em tons de rosa. Coloquei uma borboleta no lado direito da camisa, vesti um par de collants de fantasia e meti uns saltos altos. Dias de trabalho significam dias de se ir mais arranjadinha, sobretudo quando nos incutem um "dress code".
Chego eu à empresa eram 8h30m. Vou buscar um café e estavam lá já dois colegas: a Marta e o Paulo. Que simpáticamente fazem um bonito comentário à minha pessoa: " ora ora Joana hoje estás mesmo muito gira!....muito bem. Hoje vais para algum lado especial? ".
(LOLOL...)
De facto isto seria para a maioria das pessoas um comentário banal....nada de especial...não daria nem sequer para servir de motivo para blogar. Já comigo, é diferente.
E perguntam: "Mas o que tem de diferente?"... eu responderia: " Ultimamente não estou habituada a comentários elogiosos, frases mais bonitas e simpáticas....
Enfim...posso dizer que em dias menos bons cheguei a ouvir dizer que não seria gira! ....vivo bem com isso. Passa-me ao lado.
Claro que agora confrontar-me-iam com a seguinte questão: " se te passasse ao lado não escrevias, não falavas disso nem te lamentarias!!"
Precisamente o contrário. Quando as coisas me fazem impressão tendo a guardá-las para mim. Quando sinto que sim, que de facto fui vencida por uma verdade inabalável. ( o que não é o caso!!!!!)
E pronto, queria dizer que de facto duas pessoas fizeram do meu dia algo melhor apenas com uma mera frase...fúitl, super banal...contudo quando esse fútil nos é raro, nos é apresentado como se de raridade se tratasse a gente acha que estamos perante algo absolutamente precioso.

O gato e o Pai Natal

A Educação de Hamlet
Tenho vivido uma guerra de nervos. O antagonista é um gato gordo de olhos azuis muito meigos. Não se deixem iludir, este pequeno biltre, desde o berço que ganhou gosto pela arte de me partir tudo o que possa lá em casa. E, recentemente, mandou-lhe a lei na Natureza que começasse ocasionalmente a mijar ocasionalmente os cantos à casa. Por vezes sorrio perante o estrago, outras vezes exaspero. Pego-lhe e rio-me, bato-lhe com o jornal, grito-lhe blasfémias ao focinho pateta. Há dias em que me sinto tirano. Talvez lhe tenha descarregado em cima doses de fel do meu lado sombrio. Outras vezes acho que sou manipulado pelo seu charme para sair impune quando não devia. E certamente vocês se ririam de mim se me vissem na azáfama de fechar portas dos domínios domésticos onde sinto mais delicado o perigo de destruição- ou mija - por vezes olho para perceber que a rotina de segurança falhou. Meu Deus! A porta ficou aberta. Corro ansioso a perceber estragos, a cheirar os tecidos para sondar o cheiro adocicado da marca diurética do inimigo. Por vezes suspiro de alívio. Outras desespero com a confirmação dos meus medos. E no entanto há uma coisa que me lanço a pensar: o Hamlet mija porque tem tomates. E tem tomates porque gosto dele. Recordo a minha mãe que me dizia há dias "Devias capar o gato. Tenho saudades dele mas agora que ele marca território o teu pai não o quer cá em casa." - E eu penso que o afecto é por vezes um paradoxo...
A execução de S. Nicolau
Saí de casa cedo. Tinha uma reunião com uns vips da Suiça a que não me poderia dar ao luxo de chegar atrasado. Por isso acordei com as galinhas e saí a porta de casa tão cedo que me permiti ir a pé até ao comboio, em passeio matinal daqueles que nos retempera o humor, tenhamos tempo- e eu tinha- para o fazer nas nossas calmas. Nos prédios do bairro já vão despontando as artilharias festivas. Cobras de luzes chibantes à janela, das que se compram nos chineses e pais natal em manobras de abordagem de janelas ocasionais no meu trajecto. Mas eu hoje conclui que é não isenta de perigos e riscos a vida de um Pai Natal "dos 300". Numa janela que me fez estancar o passo para saborear melhor a cena, alguma ventania, não sei bem, tinha trocado as voltas à subida do Pai Natal. E o velhinho das barbas brancas baloiçava, de corda enrolada ao pescoço, cabecita de condenado que deu o peido mestre caída sobre os ombros. Era em tudo uma silhueta de enforcado que muito mais me inspirou a noite de Halloween do que a Consoada. O que aliás é justo, porque não estamos mais longe do Dia de Finados do que do Natal. E eu francamente não percebo porque fazem as pessoas a decoração natalícia a meio de Novembro. Tolero a banalização da quadra pela antecipação grosseira ao comércio, às edilidades, enfim, por escopos logísticos e comerciais. Mas ao tuga comum...
Para o ano decoro a árvore em Dezembro...

segunda-feira, novembro 20, 2006

AMIGOS

Os meus amigos são poucos. Bons...isso sim. Aliás posso dizer que se contam por uma mão aqueles que se encaixam no conceito AMIGO.
A palavra "amigo" como toda a palavra tem um significado. Mas confesso por mais que apareça escrita em dicionários, é algo que se sente, se demonstra e se partilha. Qual escrita???.... para mim é tudo uma questão de interior...de coração.
Os meus amigos são pessoas com enorme sensibilidade, e alguns muito inteligentes. Eu tenho orgulho neles.
A minha melhor amiga tem um coração enorme. Num dia ou noutro foi mais ou menos feliz, mas hoje sei e digo: " não importa, uma amizade com tantos anos é muito mais que um dia de má inspiração e vontade."
Depois há as amigas mais desligadas mas com uma ternura do tamanho do céu....não ligam todos os dias, mas uma mensagem aqui e acolá, um café, um almoço, um jantarinho e uma palavra de conforto e de amizade pura e sincera ajuda-nos muito.
Tenho 3 amigas espectaculares....amizades que chegam a ter 15 anos. E eu sou feliz por ter gente assim ao meu lado.
No entanto há as revelações. Posso dizer que existem pessoas que em meses tiveram uma progressão enorme no caminho para o meu coração, isto é...atingiram lugares que demoram anos a lá chegar. No fundo conseguiram que eu confiasse o suficiente para dizer o que sou, o que sinto, os meus medos e alegrias,....ou seja partilhar coisas mais intímas...e isso não é com toda a gente! eu digo sempre: " nós escolhemos com quem partilhamos os nossos segredos". Isso está em nós. é algo que nem sequer se aprende. Sente-se.
Hoje, eram 21.30 e questiono-me acerca da inteligência de alguns destes meus amigos. Como são tão astutos em certas coisas e ingénuos noutras.
Como consegue o Homem ser tão paradoxal. Tão inteligente, frio, calculista, e de repente ser doce, meigo, meio ingénuo , tonto e impulsivo.
Os meus amigos considero-os pessoas que captam bem as situações. Apercebem-se do mundo que os rodeia e sim...têm tacto para diversas situações. Sentada a escrever o Blog coloco a questão a mim mesma: " e no Amor serão eles assim, perspicazes?"
Não sei...hoje fiquei com a noção como as coisas passam-lhes ao lado!!!!!....será que é possivel essa contrariedade para umas coisas e outras?
Há coisas por demais evidentes e das duas uma: ou não as vemos, e sim estamos na ignorância, ou até as vemos, suspeitamos, mas não queremos vê-las com olhos de ver!.
Digo à Glória sempre isto: " miga quando não queres dar uma resposta ou fazer uma pergunta incómoda...foge disso, contorna, faz-te de idiota, o que não significa que o sejas!!!".
Acho que os meus amigos são por demais inteligentes!!!!! e até quando acho que estão a ser tontinhos, porque questionam-me com coisas absurdas e longes da realidade, acho que é jogo de cintura...é fazerem-se de parvos ...para não incomodar outrém ...e o incomodar será: desiludir, ferir, magoar ou estragar a amizade.
Eu compreendo-os bem! por isso somos todos amigos. Mas às vezes receio que estejam longe do real e afinal nem lhes passe pela cabeça muitas coisas do dia à dia. ...ou mesmo longe de captarem quem ao lado está. Captar? sim isso quererá dizer captar a alma, o coração de quem está constantemente ao seu lado.
Às vezes estamos tão perto mas tão perto que torna mais dificil enxergar a realidade. E acreditem que quem está longe vê tudo à primeira. É estranho!...mas a experiência diz-me isto constantemente.
Os de fora são muito mais espertos....estão mais desligados e por essa razão conseguem captar muito melhor e aquilo que queriamos esconder não passa despercebido....
Hoje dei por mim a disfarçar. A contornar coisas aos amigos. Fiquei triste comigo mesma. Não gosto destas situações. Não quero mentir. Odeio a mentira. Aliás nem sou boa a mentir. Quando minto, diz a Andreia ( minha mana) que fico com tiques e não olho nos olhos de quem me confronta. Prefiro chamar : usar a arte do disfarce -via contorno. Dissimular a conversa. É um dom que tenho. Devagarinho desvio o que não quero que se atinja. LOL...não podemos ser sempre Santos!!!
Doi muito mais a mim do que aqueles que nem sonham que estás a ser um pouco dissimuladora.
Os meus amigos são um Must. E eu confio plenamente neles. São dignos dessa mesma confiança. Mas custa por vezes ter de fazê-los de parvos, por motivos pessoais.
Mas, como referi atrás, se são inteligentes porque razão não dão contam desses mesmos artifícios??? ou será que eles próprios por serem tão mas tão amigos estão por vezes a Km da realidade?...
Não interessa...hoje vim Blogar para os louvar, e acima de tudo dizer que sou uma felizarda, e que sem eles não seria a mesma Joana.
Adoro-vos a todos!

SERÁ?

No dia de escala de segunda feira conheci colegas muito fixes. Descobri que ainda há pessoas que pensam como eu...ufff....não há cá o sintoma da "raridade".
Depois cheguei à conclusão de que nem todos os colegas de Almada são esquisitos a nível físico. Digamos que a perspectiva de que o Homem Almadense e advogado é feio, não é verdade!!!lololol
Hoje digamos que vi um colega bastante agradável. E por minutos e até horas abstraí-me das correntes que aprisionam o meu pensamento obstinado!
E pensei que pode ser possível um dia vir a ser livre. Hoje senti o coração a bater rápido e sim...posso dizer que houve o cheirinho a "química núa e crua!".
Nem tudo está aprisionado. Só peço às forças superiores que sinta cada vez mais coisas parecidas. Talvez esqueça o que esquecido terá que ser e me liberte do impossível.
SERÁ?

Observações

Pão de alho congelado, chocolates, pastilhas elásticas, bolachas, salsichas, bacon, enchidos, muitos enchidos, refrigerantes, manteiga, queijo.
Era esta a lista de compras da senhora gorda e do filho anafado, ontem à minha frente na fila do LIDL.
E depois temos a colega veterana que comentava comigo que alguém escrevera na declaração de sinistros "A senhora mal levou a pancada, bazou logo para o chão." Sorri. Não só da espontaneidade do declarante mas também porque me lembrei da descoberta que horas antes tinha feito na secretária da colega veterana. Um post it que relembrava para que serviam, respectivamente, botão direito e esquerdo do rato. Penso cá eu, deveria sair uma edição revista da cábula, que também explicasse para que serve o botãozinho central que se pode rodar.
Nota final para o livrinho que o negro idoso lia na sala de testemunhas da Pequena Instância Criminal: "Rezas para todas as situações". Estou a precisar de um livro assim...

Seu eu dissesse ao mar que queria ser a espuma...
a areia e a concha que lá no fundo submersa pemanece...
Se eu dissesse ao sol que queria ser o céu que o contempla...

Seu cantasse em voz alta os sentimentos reais e mais honestos
que no peito trancados pelo coração estão...
e se....e se.....
Mas não.

Sonho com o que gostaria, e apenas isso!..

(JMA)

sábado, novembro 18, 2006

Fim de noite

Quando saímos aos tropeções daquele bar de más horas, já não eramos os mesmos. Não sei se eramos finalmente genuínos ou se estávamos só equivocados sobre nós próprios pelo álcool. A Marisa vinha gentilmente amarrada ao meu braço. Enquanto os meus pés definiam uma rota não completamente certa, ela lá me foi dizendo que sabia que não era amada. E depois olhei para os outros. Caminhavámos meio ao acaso e vinham todos calados, zonzos. Naquele momento, nem sei bem explicar porquê, senti pena de nós todos.

quinta-feira, novembro 16, 2006

O instrutor de condução indicou que o rapaz deveria sair do estacionamento e que, de seguida e em segurança, teria que inverter o sentido de marcha. O rapaz engatou a marcha-atrás, andou um metro às arrecuas e virou o volante para a direita. Foi já em paralelo ao lancil do passeio que se dedicou ao segundo pedido do mestre. Toca de meter a primeira e de voltar a fazer girar o volante. Com a manobra quase a meio e o carro abandonado no meio da estrada, o instrutor trava-lhe os pedais e ordena-lhe de forma pouco simpática:

"Vais abrir a janela, põr a cabeça de fora e gritar bem alto: VOU FAZER INVERSÃO DE MARCHA!!"

Além de ser Inverno e de, portanto, se estar bem melhor com as janelas todas fechadas, a situação seria incómoda e deveras humilhante. Mas chefe é chefe. O rapaz, muito a contragosto, lá fez descer o vidro, pôs a cabeça de fora e gritou o que lhe mandaram. O instrutor, visivelmente satisfeito mas com voz serena, disse-lhe:

"Pronto, para a próxima não te esqueças de meter o pisca."

Frases d'alma

Daquelas frases que nos ditam o estado d'alma. Sem querer escrevi-a e só depois é que percebi a profundidade do que tinha escrito.

" Sim, tenho namorado com a solidão, durante anos e até agora, tem sido a companhia mais certa e fiel"

E mais não digo.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Masquerade

Às vezes dizemo-nos uns aos outros: "cheiras a leitinho". Poucas vezes tenho sentido que isso seja tão verdade como nos últimos dias. As coisas são todas completamente diferentes, uma vez que nos autorizam a espreitar o que está por trás do teatro de fantoches. Começo a crer que metade do mundo vive numa ilusão que a outra metade fabrica e manipula. Ou pior, manipulamo-nos todos reciprocamente.
Agora pergunto-me apenas de que lado do engodo prefiro estar...
Uma coisa é certa, acho que vou riscar a palavra inocência da minha lista de palavras que existem.
Afinal, é tudo uma questão de tempo...

terça-feira, novembro 14, 2006

Contava a Ana a história do Chico, o melhor amigo da filha. Excelente aluno. O melhor dos estagiários lá da redacção. Primeiro a notícia de rodapé, depois o artigo numa das primeiras páginas e finalmente um pontapé no cú dali p'ra fora porque "o que não falta é gente a escrever".
O Chico, um dia, ligou à filha da Ana e disse-lhe que ia mudar o rumo da sua vida, mesmo sabendo do desgosto que daria aos seus pais: ia-se inscrever num curso de canalização. A forma como se justificou despertou o meu interesse.

"Olho para os tipos lá da rua que jogaram à bola comigo quando era puto e vejo que todos eles estão casados, têm uma casa, têm um carro. À excepção de um curso superior - coisa que eles não têm - eu não tenho nada que seja meu."

Guarda fronteiriça

São linhas ténues as que dividem as coisas
o gostar de ti do gostar de mim
a minha liberdade do teu cativeiro
o exótico do banal
Quem trocar as tintas arrisca-se a ser um idiota

segunda-feira, novembro 13, 2006

Era uma noite....

Era uma noite que tinha tudo para ser espectácular. Uma noite em que não estaria tão presa às correntes que de vez em quando colocam no meu corpo.
Sentia-me livre. Estava bem disposta. Um astral dos melhores. No fundo, à partida, tinha uma base sólida para que fosse uma noite em cheio.
Coisas do destino, forças que não controlamos aos poucos foram demovendo essa onda de energia perfeita e forte que eu tinha colocado à minha volta. Forças poderosas o suficiente para que penetrassem nesse meu "eu" que radiante estava no começo da noite.
Enfim... ....tudo para chegar ao ponto que interessa: a noite acabou mal (para mim sobretudo!!!!). A noite em que eu achava que estava gira, lol, e que tudo corria bem revelou-se ser um caos!!!!
Quando caimos em nós, e quando a queda revela coisas más e sem redenção possível ficamos petrificados. Eu senti-me como estátua, por fora e por dentro... Gelei, viagei em mim mesma. Fui parar aos piores sitíos...que raio de viagem !
Os sentimentos deste tipo são as coisas que eu mais odeio. A tristeza repentina derivada dos que nos são próximos aflige-me de tal modo, que por muito que escrevesse e falasse não conseguiria demonstrar o quanto me pesa na alma, no coração e em todo o meu Ser!
Gostava de nesses momentos ter ao pé de mim um génio com uma lâmpada mágica, ao qual pedia certamente: " podes dar-me frieza e gelo nas veias o suficiente para ignorar tanta maldade? podes fazer de mim pedra, estátua ou menos sensível a quem desconhece o significado de tal palavra?"...
Génios mágicos não existem mas sentimentos e conflitos destes existem muitos por ai espalhados. Falo por mim e por semelhantes situações de outras pessoas. Todos nós temos problemas, uns maiores, outros menores e há quem ache problemas onde realmente eles não existem!!!!....deve ser chique...lololol
Nessa noite não aprendi nada comigo mesma. Nada de nada...afinal não é só com o clube que nada se aprende, como diz a Presidenta Péron. Eu mesma estou sempre a dizer: "tenho muito para dar e ensinar!!" ( só se for aos outros eheheh) ...
Mas de uma coisa tenho a certeza, existem pessoas cheias de sorte...por terem amigos fixes, e olhem eu sou uma delas ;o)
Ao menos posso retirar esta lição! eu dou a mim mesma esta lição de existirem pessoas que são espectaculares! :0) ipp ipp hurrê
Quanto ao resto, aí sim são as opções que tomo que ditam o meu futuro. Não me quero massacrar quando fico no extremo da sensibilidade. Eles não estão a ganhar quando eu deito o mar de lágrimas. Tenho que discordar de frases assim... .... estariam a ganhar se perdesse aquilo que eu tenho: um grande coração...que continua muito ao jeitinho da Joana!!!!...lolololol....
Claro que se puder evitar explosões em público, melhor! tentar fazê-las dentro de sitios não expostos à nossa bem estimada e amada night Lisboeta! Lol....
Tenho que canalizar melhor as minhas energias... ;o)

domingo, novembro 12, 2006

No meu quarto sentei, deitei e pensei...

Na minha cama meditei.... olhei para o relógio ainda era cedo. Pensei mais um pouco. Adormeci e acordei ...

Memórias boas e más. Risos e um ar sério misturavam-se. Escrevi, toquei a minha música e li umas páginas de um novo livro.

Tentei preencher-me. Mas.... ..... a verdade é que há tanto com que nos podemos ocupar, preencher e saciar mas o pensamento, danado que é e teimoso, vai parar às encostas e aos vales desconhecidos nos quais eu não atrevo a explorar.

Idiota. Nesta vida tenho tanta iniciativa e coragem... .... mas para atravessar esses caminhos agrestes fico impotente.

Fico como que paralisada. Só sei que o meu coração faz um "tum tum" tão mas tão rápido quando penso nesses sitios ainda por explorar... .....

Preferia que tudo se resumisse a planícies. Sem riscos de quedas e tropeções. E como sei à partida que irei tropeçar, cair...as escaladas não são o meu forte, fico quieta... ....

Tenho sempre resposta a dar aos meus problemas de casa, trabalho, amigos etc etc... ...ao problema das "encostas e vales" a esses nem por isso.
Fala-se, por vezes nas fábulas e nas histórias, em sitios encantados, por ex. o tal vale encantado. E não é que existe mesmo!!!! eheheh..... eu vi um.... .....e por ser tão mas tão encantado que tenho medo de ir à sua descoberta, de o explorar...
Imagine-se que habitam ali povos que não querem a minha presença!!!!....

Prefiro ficar quieta....

Hoje apetecia-me libertar-me do peso que trago em mim
Chorar cada imagem que me prende, uma a uma, até ao fim
E depois fechar os olhos
À sucapa sussurar-me uma dessas canções
Essas cujas notas desenham na areia as estórias
que o sentir salvou do ocaso, minhas memórias

sábado, novembro 11, 2006

Tempos da razão e outros tempos

Deixem-me que vos fale em poucas palavras do Clube.
Um punhado de almas que anda perdido e que, já que tem que ir à deriva, que vá em bando e que se ria do trajecto.
O resumo satisfaz.
Eu tenho andado meio stressado com o Clube nas últimas semanas. A nossa humanidade é sempre complicada e eu cá para mim achava- ainda acho, mas os tempos verbais das minhas razões e dos meus sentimentos nem sempre batem completamente certo- que algumas das pessoas nem sempre reflectiam no que diziam e no que faziam e depois dava asneira. Sei que alguns dos visados lêm isto, mas digo-o na mesma. Mais uma vez o resumo satisfaz.
E pronto, voltamos ao início, andava stressado. Como se mesmo que não quiséssemos às vezes colocássemos um pé aquém da entrega genuína e sentíssemos que o outro fazia do mesmo.
Ontem reunimo-nos num dos nossos locais de eleição. O Duq's é o templo das nossas happy hours, que deixou de ser um sítio calmo desde que a nossa presença o tornou mal frequentado. Desertamos das empresas onde todos trabalhamos na vizinhança e ao fim do dia vamos para ali conversar, fumar um cigarro, beber um café, umas cervejas... Mas de facto havia dias largos de interregno desde a última vez que tal tinha sucedido, pelo menos com a minha comparência. Mas ontem lá fui. As caras foram assomando à porta e nem uma faltou à chamada. Rimos, rimos muito e falámos pelos cotovelos. Havia novidades, havia a ausência de novidades colmatada com os disparates do costume. E eu de repente apercebi-me que, embora não o soubesse muito bem até aquele momento, estava cheio de saudades deles.
Há montanhas que não se arrasam nem se contornam. Espera-se serenamente que caiam.
Não foi bem isto que o Ricardo me ensinou, que não tem vocação de Maomé para falar por tais alegorias.
Mas a lição estava lá...
Ontem foi mesmo uma happy hour
:o)

Os sopros do coração

Tenho um coração grande.
Mas não, comecemos pelo início.
Há alguns anos, três, quatro, os exames de medicina laboral ditavam a sentença. Coração fora dos parâmetros normais, possível dilatação patológica, algo assim, recomendam-se exames suplementares. Acho que foi a primeira vez que pensei a sério na possibilidade de morrer novo. Estaria fadado para me ficar pelos 25, 26 anos de idade? Foram noites sem sono, enquanto decorria a bateria de exames. O Dr. Vajáina, como gostava de lhe chamar, com sotaque british, que o nosso médico de empresa era ginecologista de especialidade - pregou-me por esses dias um grande susto. Depois viria a meditar que era óbvio que o Dr. Vajáina nunca seria muito útil à minha saúde. Afinal, como bem obervava um colega, "o gajo percebe é de conas", que sabia ele do resto, muito menos do meu coração? Bom, e o facto é que exames mais detalhados sentenciariam que a minha bomba vital é de facto de dimensões fora do normal mas por motivos perfeitamente congénitos, de forma alguma relacionados com patologia e sem que daí me possam advir quaisquer receios. Suspirei de alívio e fiquei a saber o que já desconfiava, que tenho um coração grande.
Segundo capítulo
Relação ténue e eventualmente apenas inconsciente, se tanto, com o primeiro.
A Rita. A Rita é girissima. Os homens babam pela Rita. Eu também. A sua forma néscia, simples e divertida acrescenta um je ne sais quoi à beleza, que é óbvia. Alguém, talvez fosse a Aurora, não me lembro, achou por bem que eu ficaria giríssimo como namorado da Rita, e nascia o tráfico de influências. A vida seria sensaborona, se negócios desta arte se processassem por falar eu com a Rita ou a Rita comigo. Não, não, não! Engraçado é que um terceiro qualquer pergunte "Achas que se faz?" a um outro terceiro qualquer cuja relação com o caso seja também nenhuma. E assim, a Aurora, se era ela, lá moveu a cunha junto do meu irmão " E então, achas que ele gosta da Rita?" Pobre Ricardo, sabia lá ele! E depois que sabia ele destas coisas de procurador do coração? Que dizer? Talvez se tenha lembrado das descobertas científicas do Dr. Vajáina, talvez não tenha querido comprometer, tavez... ... mas na realidade os anais da História não registam os desígnios exactos do Gestor de Negócios. E o Ricardo lá arriscou "O meu irmão tem um coração grande, cabe lá muita gente. Talvez a Rita também." - E de facto por essa época eu tinha um ventriloquo arrendado à Rita que, enfim, não tinha como pagar sózinha a renda toda pelo que vivia em condomínio cá dentro. E, lá está, a fábula faz-nos pensar em silogismos: se o Vajáina não pode perceber de corações porque é ginecologista, o Ricardo se não é ginecologista algo haveria de perceber do meu coração.
Terceiro capítulo
A cavilha que despoleta a granada da recordação.
A Marisa perguntou-me há bocado se eu teria coração, em resposta à acusação que lhe movi de que mo partia. Coração? Claro que o tenho, e bem grande! O que nos faz recordar e contar esta estória...

A empregada do restaurante anotou as costeletas grelhadas que eu pedira e perguntou com um ar muito decidido:

"Você é advogado??"

Não percebi logo a ligação entre a dúvida dela e os costados do porco, mas respondi-lhe, obviamente, que não o era.

"Ah, é que você tem cara disso!"

Ri-me e respondi:

"Oh diabo, isso é mau..."

Não só não percebeu a piada como ainda me contou que a filha "tá cursando Direito". Nem cheguei a perceber o objectivo da pergunta. Fica no ar a dúvida se afinal queria que eu arranjasse umas fotocópias do Oliveira Ascensão, se as costeletas de porco são o prato mais popular entre os advogados ou se me viu simplesmente a gamar o pão da mesa do lado, num dos outros dias em que lá fui almoçar.

quarta-feira, novembro 08, 2006

A filosofia do dia


Umas palavras soltas, um olhar, um sorriso... ... é como se fossem luzes na minha vida. Todos os dias penso nisso,.... ....é dificil de deixar de pensar! Às vezes anseio ir para a cama para conseguir sonhar. No real ainda que recorde as palavras, os momentos, os sorrisos... ...nos sonhos eu consigo contornar todas estas expressões, moldando-as ao meu gosto. Elas no real são bonitas, mas... ...não são como eu idealizaria, ou... ....digamos gostaria.
Dou por mim sentada na minha cadeira, a reflectir nestes pequenos pormenores. Como passo despercebida aperante eles. Já eles, por mais pequenos que sejam dão tanta cor à minha vida! e eu sou feliz apenas por poder contemplá-los. Sou feliz apenas como uma mera observadora.
Eu é que sou a "pequenina" e não os pormenores que são pequenos... ....
Mas, como referi ,passo discretamente onde gostaria de marcar a presença. Passo e não consigo afirmar aquilo que gostaria. De traçar o meu "risco vermelho"...de dizer em voz alta ... o que todos os dias em voz baixinha e em murmúrios digo para mim.
Pessoas simples, como eu, não conseguem contornar pormenores que dão importância a outros pormenores ainda maiores. É uma verdade. Eu sei, nem preciso de dizer muitas vezes a mim mesma as verdades que eu cá dentro sinto... ... por melhores que sejamos há coisas que são inalcançaveis. Penso que até será melhor assim. Quem traça objectivos e parâmetros demasiadamente exigentes nunca se contentará com algo que é digamos simples, talvez ordenamentado com um belo coração e nobres sentimentos. Isso chegará para alcançar a tão desejosa meta? Em certos casos sim... .... noutros , os mais rebuscados, os mais exigentes e vaidosos não deixam! podes até chegar lá perto, mas o cortar da meta como que é afastado por uma rajada ... não de vento...lol...mas antes de um todo idealista que na realidade só serve para decorar a própria exigência humana.

Hoje, na minha aula de Inglês, defendi que o Benfica é uma das mais fortes marcas portuguesas.

Estarei a tornar-me num idiota?

segunda-feira, novembro 06, 2006

Aos trinta

Estive a pensar acerca de um texto que li no blog de um amigo meu. Falava basicamente da geração que entra nos trinta e das relações fugazes. O medo que nos assola, nas relações com prazo de validade, aquelas que mal começam e nós já sabemos quando vão acabar. Ou aquelas que nem chegam a começar, pois nem chegam a ter prazo.

Pessoalmente, acredito que as relações de curta e média duração, só tem um objectivo: vacinar-nos, pois se bem diz o ditado, “ o que não nos mata torna-nos mais fortes”.

Antes dos 30, queremos viver, viver e viver. Viajar. Beijar um francês, dançar com um cubano, fazer sexo internacional. Não dormir, dormir, não beber, beber, não gritar, gritar, caçar, ser caçado. Enfim viver e sentir a vida.

Depois dos 30, cai-nos o peso de todas as experiências passadas. E as coisas começam a apertar. E entramos no princípio do fim. Vivemos a vida de uma forma intensa mas diferente.
As nossas escolhas começam a ficar mais limitadas, exigentes e difíceis, seja em termos de escolha de parceiros ou vivência. Afinal enquanto estivemos a viver, o João e Maria, já tem dois filhos e estão a pensar separar-se. E depois há a Luísa e Nuno que passados anos ainda estão de pedra e cal.
Enquanto estivemos a viver, o Carlos virou gay, ou melhor assumiu-se. E a Teresa não tem ainda a certeza se a ligação perfeita é a heterossexual.
O Jorge e o Luís decidiram que ainda querem adiar a entrada nos 30 e querem viver mais um pouco.
O João é chefe do seu departamento, mas não pede a Marta em casamento pois acha que ainda não subiu o suficiente.
O Telmo sofre pela Ana, mas vive agarrado a um amor sem chama com a Helena
A Cris, não encontrou nos últimos cinco anos a alma gémea e desespera pela entrada nos trinta.
Eu faço trinta já para o ano, e dei por mim a analisar todas as relações que tive. Basicamente vencem as de média duração. Nunca fui muito fã das de curta duração. Talvez por medo, acredito que tenha sido por isso. Foram mais, as vezes que pensei na projecção da relação no futuro e não no agora. Acredito que graças a isso, safei-me muitas vezes de viver dissabores. Mas ao contrário também acontece, pois ao nem dar uma oportunidade de fazer nascer uma relação, pode ter acontecido, que o meu príncipe encantado já ter passado varias vezes por mim e eu nada.
Enfim, relações fugazes ou não, o importante é o agora. Que passa a ser:
Ou é agora que aceito ir tomar café
Ou é agora que deito esta depressão para trás
Ou é agora que me decido
Ou é agora que o/a agarro/a
Ou é agora que salto o muro
Ou é agora …
ou nunca,
Aos trinta sabemos o que dói e o que não dói.Aos trinta escolhemos um bom vinho, uma boa companhia independentemente dos laços que nos unem. Aos trinta escolhemos a cor que nos fica melhor, aos trinta sabemos como vamos acordar, sabemos as bebidas que dão dor de cabeça, e as borbulhas deixam de importar. Aos trinta sabemos qual é o nosso perfume e a nossa música.
Aos trinta são mais as certezas do que as incertezas e porque não arriscar…ou nunca.

domingo, novembro 05, 2006

A crise que toca a todos

Hoje dei por mim a fazer contas à vida. Não está nada fácil gerir bem as coisas. E o que é gerir bem? já fico contente se o resultado dessa gestão se traduzir: poupar nos gastos superfúlos e conseguir pôr alguns euros, todos os meses, de parte para alguma situação designada urgente.
Para quem está futuramente decidida a entrar num novo patamar de vida, tudo se torna mais rigoroso: fim às jantaradas, contenção nas roupas e maquilhagem, lol, saidas para sitíos mais softs no que diz respeito a preços de entrada e de consumo... enfim...uma série de cortes se impõem para que no futuro possa ter aquilo que idealizo.
Por ex. hoje tive de ir ao Almada Forum, à perfumaria. A minha base diária tinha acabado. E claro como estamos em época do "agarra" o euro em vez de comprar a marca habitual, clinic, comprei uma outra base, a metade do preço, da marca - Art deco... Enfim... pequenas coisas fazem grandes milagres!
A mesma coisa se passa no meu dia à dia do trabalho. O pessoal resolve ir comer fora. Mas , saliento que na empresa onde trabalho temos uma bela cozinha com frigorifico, micro ondas, enfim com todo o equipamento (como se de uma casa se tratasse). Ora o que acontece é que por exemplo euzinha levo almoço práticamente todos os dias!
Independentemente do "parece bem ou mal" ... ...a mim o que parece bem é poupar dinheiro no final do mês e consequentemente no final do ano. Estamos em época de crise, falo por mim... e esta época leva-me a restringir no que acho banal, estúpido e sinceramente desnecessário.
Muita gente se queixa que vive mal. Que vive à conta e cheia de limitações. O problema, e pensando bem neste assunto, é que essas mesmas pessoas são as primeiras a irem ao restaurante almoçar e jantar e são aqueles que dão primazia às boas marcas cosméticas, e às marcas de vestuário entre outras coisas. Depois, para compensar, comem uma folhinha de alface em casa às refeições!!!. Ora se vivem mal é porque o dinheiro não estica, certo? ou será que o deles estica?
Sou testemunha desses casos, tristes, mas reais. Atenção não digo porque me contaram, digo porque cheguei a presenciar um jantar à base de uma peça de fruta e sandes porque se tinha gasto dinheiro a mais em roupa e cabeleireiro!!!!
Enfim... .... cada um gere a sua vida do modo que lhe dá mais prazer. Eu tento geri-la do modo que acho conveniente e para que não me falte nada. As hierarquias podem diversificar consoante as pessoas, como é claro!
Mas é triste ser-se escravo do "aparente" e passar necessidades no que realmente faz falta só para se poder dizer que é chique!lolol....

Manhã de sábado

Levantei-me cedo este Sábado. Não é muito meu hábito. Sou um tipo de maus hábitos embora tenha dado o primeiro passo para a cura, que é saber disso. Se fosse eu a desenhar o Universo, abolia o despertar desumano antes do Sol e do Galo. E desaconselharia aquilo a que os franceses chama a "Grace matinal" - ou algo assim - bom é levantar pelas nove, mais coisa menos coisa, despacharmo-nos tranquilos e tomar a meia de leite no café da esquina, sentados, pois claro, a ver chover, a conversar com o amigo, ou a mãe ou a namorada ou o filho, ou tão simplesmente a falar do tempo com o dono do café. Dolentes, pois claro, é Sábado de manhã, o tempo está cinzento e o meu espírito está ameno.
Depois compras. Fui à loja do chinês. Tenho uma relação com as lojas dos chineses que não é de amor-ódio, mas é, digamos numa versão menos extremada, de simpatia-desdém. É fantástico como um só espaço pode conter tanta compra engraçadíssima e ao mesmo tempo uma carga tão insuportável de mau gosto: relógios de parede e estatuetas e posters e candeeiros de uma estética tão improvavelmente horrível que me lanço a perguntar quem ousaria comprar tais coisas, por convidativo que seja o preço. Eu por mim saí de lá contentíssimo com molduras, buchas e parafusos que farão as delícias do que tenho por pendurar nas paredes lá de casa.
Acabei a manhã já em casa a tecer balanços de excel sobre a minha saúde financeira. Argh, o paciente está quase em coma...

sábado, novembro 04, 2006

Hormonas

Já se sabe que espio sem pudor as conversas à minha volta. Não é cuscovelhice. Isso seria a vontade de ser abelhudo da vida dos que conheço. Mas o meu interesse é inversamente proporcional à distância que me separa daqueles que espio.
Hoje salteei um puto que desabafava dos seus enredos de sedução a um companheiro de viagem no comboio. As mulheres atropelavam-se na sua prosápia, e no entusiasmo com que falava delas os olhos pareciam querer sair-lhe das órbitas. Falava de como geria o mulherio, nas suas teias de sms's e mensagens hi5 e telefonemas, da esgrima do convite feito na altura certa, da arte de dosear a receita, entre o ponto de açúcar do envolvimento e o fio água na fervura do afastamento. E traçava planos napoleónicos dessas latitudes femininas que esperava invadir, ocultando o calcanhar de Aquiles de ser filho de um bairro mal afamado da margem sul e deixando reluzir o facto, até para mim, óbvio de que é um puto simpático.
O amor aos 20 anos é uma mescla curiosa de muitas hormonas, inocência e cinismo.

Deixem-me contar uma história de uma amiga. Essa minha amiga adora blogs. Até costumam dizer que prefere escrever em blogs do que falar pessoalmente. Nisso revejo-me.
Ora a minha amiga falava comigo: " ontem até sai, foi uma noite calma e fixe! mas sabes os meus olhos não estavam muito alegres ou felizes!". Eu questiono a razão de ser...fico a imaginar o porquê desta tristeza escondida e que só a saca rolhas se ia libertando... ....
"Não me sinto bem comigo mesma, preferia ficar num cantinho a conversar com alguém e contar como foi o meu regresso a casa após um dia de trabalho. Sabes amiga- dizia ela- mais um dia daqueles em que fui empurrada! mais um dia daqueles em que senti em mim sentimentos de 3ºs crueis e sem fundamento ou razão!", mais um dia em que senti no corpo tamanha dor!".
Eu pensei para mim: "Será que aconteceu de novo aquilo????" ..." será que mais uma vez a minha amiga foi o saco de boxe humano de outrem? ....".
Confirmei o inevitável. De facto aqueles olhos enormes, é assim que os costumam caracterizar, estavam murchos. Nem era por causa de um dia atarefado de trabalho. Antes fosse! Eram o resultado de uma negação e maus tratos. A minha amiga.... ....ainda saiu de casa para se ir divertir. Conseguiu. Ninguém reparou. É uma tipa discreta, corajosa e bem disfarçada!". Chegou a casa. Despiu-se. Chorou e deitou-se. Pensou e até rezou, e devo recordar que é ateia: " Deus meu.... .....leva-me daqui.... ....faz com que não acorde mais ou se acordar seja tudo um pesadelo."
Parou de chorar. Imagina que amanhã vai até à praia ver o mar... ....ela anda com desejo disso. De um dia ter companhia para ir ver o mar e ouvir o seu barulho consolador. Mas sente-se só. E não tem com quem partilhar o mar consigo. Pede para chorar no colo de alguém. Pede para que alguém diga: "que se passa... ....chora tudo o que ai tens dentro,... chora que não estás só!!!".
Tem medo de pedir. Tem medo de ser chata. Tem medo que lhe diga:", és fraca!" .... .... A minha amiga ontem levou com a ira de uma vida, mas saiu de cabeça erguida e foi sair. Bebeu uns copos. Riu-se ainda que com um sorriso não no seu melhor e com os olhos húmidos...porque cheios de lágrimas continham!
A minha amiga precisa muito de uma luz. Precisa de um ombro, de um agarrar de mão... e de ajuda.... ..... e eu não sou capaz!!

sexta-feira, novembro 03, 2006

De pés descalços



Depois de um dia de trabalho, vejo-me desconsolada. Chego a casa e descalço-me, hábito já antigo. E que me faz lembrar que cheguei ao meu cantinho, e ali mesmo ao lado da porta, posso descalçar todos os males que trago.


Tiro o casaco, solto o cabelo, vou a casa de banho e olho para o espelho, as vezes faço a pergunta quem és tu. Mas hoje não. Espelho que há muito tempo, partilha comigo as minhas alegrias e tristezas.
Pergunto-me quantas vezes viu o meu sorriso, as minhas gargalhadas, o meu sussurrar acompanhada ou não. Quantas vezes viu, o meu olhar triste, as minhas lágrimas. Quantas vezes não o deixei ver, virando-lhe as costas. Todas as vezes, mostra-me tal como estou, o seu olhar reflecte-me, e eu vejo-me nele. Mas hoje vou virar-lhe as costas.

Vou a varanda, olho para baixo, e um grupo de jovens lança palavras para o ar. Mesmo sem saber do que falam, sempre me deu gosto ouvir o som das palavras dos outros. Não sei quem são, também não sabem quem sou. Viro-lhes as costas.

Bebo um copo de água e entre um gole e outro, olho para o copo e penso, tão transparente, quem dera que tudo fosse tão transparente.

Não me apetece comer, ou melhor não me apetece cozinhar só para mim. Pelo menos não agora, deixo que o meu corpo avise quando tem fome.

Ia ligar a televisão, mas não, a esta hora devem estar a passar 99% de más notícias e uma boa. A boa já deve ter passado, por isso hoje, vou ouvir música. Escolho um cd que já está, mais que gasto de tanto tocar a mesma música. Mas que eu insisto, é esta que quero ouvir, esta ajuda-me a chorar sem lágrimas.

Acendo uma vela, e lá começo o ritual, inclino-me e deito o meu corpo no sofá, e fecho os olhos. Deixo a música embalar-me pelas ruelas da vida, gosto desta vida.

Tem os sabores dos momentos amargos, tem a delícia dos momentos felizes, tem o aroma da vida. Estou com fome…

quinta-feira, novembro 02, 2006

Manhã catastrófica

Hoje decidi contar uma história. Uma parte do meu dia. Aqui vai:
- Acordei bem cedo com a sensação de que tinha dormido pouco. No fundo nada disso tinha sucedido, uma vez que dormi cerca de 8h. Tomei o meu duche matinal e arranjei-me bem rápidinho. Comi, ainda que sem vontade. No fundo era uma manhã bastante estranha, quase que anunciava qualquer coisa de ruim. Fui a correr apanhar o autocarro. Um estranho calor sentia, quando a manhã estava fria.
Já na estação dos comboios, o inevitável aconteceu: baixa de tensão e apaguei-me. Acordei com uma multidão à minha volta. Gente preocupada comigo, a possibilidade de se chamar o INEM,.... enfim... uma grande confusão.
Decidi ligar para casa, para os meus pais me virem buscar. Já não fui trabalhar. Fui para a cama descansar e aos poucos voltei ao normal.
Recebi chamadas dos meus novos colegas de trabalho. Fiquei com a ideia de que há gente porreirinha, como souberam do sucedido, (ora bem o patrão teve de saber e consequentemente alguns colegas também souberam, lolol) decidiram ligar, mandar mensagens, enfim fui muito acarinhada por pessoas que ainda não me são próximas. Aliás são quase 20h e ainda recebo mensagens a perguntarem: "então melhor?" .
Como sabemos os laços constroem-se. E com os meus novos colegas existem os chamados laços de profissão! mas sim, fiquei espantada, e ainda que tivessem sido atitudes profissionalmente correctas, ora ai eu respondo a mim mesma: "mais vale isso do que nada". E se foram ou não não sei e não vou estar a assumir que sim ou que não.
No fundo tudo para dizer que pequeninas atitudes destas em mim provocam grande contentamento, admiração e simpatia. Não sou ciníca ao ponto de dizer: " são grandes amigos". Ora não são, nem sequer grandes colegas até porque só estou com eles faz 2 semanas, mas posso afirmar: " são pessoas com pensamentos nobres e de gestos amáveis!".
Gosto de ser acarinhada. Quem não gosta? gosto que me perguntem: "Estás bem?", "Estás melhor?".... .....eu e qualquer pessoa.
Mas se por um lado gosto disto, por outro lado a indiferença e a falta de tacto também me fazem pensar muito....e ai o que disse em cima de positivo diria agora nesta frase de negativo.
Eu, a baldas em pessoa em relação a muitas coisas, torno-me exigente em outros campos. E dou comigo a voltar à questão das exigências minímas. Costumo ter esta conversa com 2 grandes amigas.
Há coisas que nem são supostamente exigiveís...são tão normais e naturais que é impensável algum dia exigir isso ou algo semelhante.
Mais uma vez volto a meditar e a fazer a introspecção de que eu vivo no mundo da Lua, sou por vezes muito "pura" de coração. Não sou ingénua. Mas sei que tenho atitudes nobres e queridas demais, ralo-me em demasia com os outros. Não à espera que se preocupem comigo. Faço porque gosto de fazer. Faço porque gosto das pessoas e muito. Faço porque muitos sentimentos me "obrigam" a fazê-lo ( obrigar no bom sentido.). Faço porque sou incapaz de ficar silênciosa em situações que a lei da vida ,a lei da amizade, da sociedade e dos bons costumes me norteia para o fazer.
Idiota? sim às vezes penso que sou. Dou tanto e tanto de mim a muita gente e em troca recebo a presunção de que tudo está bem. Mas como eu digo as presunções não são verdades certas. Dai serem PRESUNÇÕES. E quando gostamos e queremos bem não há que presumir, pergunta-se, confirma-se...porque só quando se ouve da boca do próprio podemos sossegar e dizer: "ainda bem que ela está ok, ufff agora sim estou descansado/a".
Mas .... ..... se isso sucede? naaa.....e eu nem quero pensar mais nisso porque fico muito revoltada. Prefiro esquecer. E vou fazer de conta ... já o faço tantas veze, ainda faz 1 semana que o fiz noutra situação, torno hoje a fazê-lo e sim volto a sorrir, volto a dizer para mim: "Está tudo bem Joana, vá respira fundo conta até dez e ....acção!".

quarta-feira, novembro 01, 2006

Não sei bem o que quero blogar! Pensei: "hoje vou por lá algumas palavras bonitas, palavras de coragem, de positivismo, alegria, tristeza, saudade, solidão, de desejo...etc...".
Mas ao abrir a página de repente dei por mim a constatar: "E agora começo por onde? hoje, um dia de feriado, dia até de harmonia no "lar doce lar", dia de cinema, dia de dormir até tarde!... e eu com tantas ideias e cheia de histórias para contar contudo fiquei bloqueada no meu "EU"..."
Ou seja cá dentro vai uma mistura de sentimentos, emoções, histórias e pensamentos que se tornam dificeis de se separarem! O mais incrivel é quando conseguimos fazer e não gostamos daquilo que nos é dito, na verdade existem dias em que tal sucede!!!!. Hoje quando acordei, aconteceu-me isso. Não gosto quando eu mesma me revelo coisas... coisas para as quais não tenho resposta a dar, ou se a tenho é demasiadamente dura para a querer ouvir.
Então decidi voltar a colocar estas coisas todas no meu covil, chamado coração da Joana ...um sitio seguro, de dificil acesso e qui ça uma espécie de labirinto... Prefiro não trazer para o dia o que à noite costuma aparecer... e sinceramente.... prefiro calar-me!
Faça-se silêncio...

Halloween

Que ontem foi Halloween, aqui está a homenagem que queria ter deixado antes, mas andei na rambóia pelo que só hoje me é possível blogar.

O imaginário sombrio de Nick Cave...

Have mercy on me, sirAllow me to impose on youI have no place to stayAnd my bones are cold right throughI will tell you a storyOf a man and his familyAnd I swear that it is true
Ten years ago I met a girl named JoyShe was a sweet and happy thingHer eyes were bright blue jewelsAnd we were married in the springI had no idea what happiness and little love could bringOr what life had in storeBut all things move toward their endAll things move toward their their endOn that you can be sure La la la la la la la la la laLa la la la la la la la la la Then one morning I awoke to find her weepingAnd for many days to followShe grew so sad and lonelyBecame Joy in name onlyWithin her breast there launched an unnamed sorrowAnd a dark and grim force set sailFarewell happy fieldsWhere joy forever dwells * Hail horrors hail * Was it an act of contrition or some awful premonitionAs if she saw into the heart of her final blood-soakednightThose lunatic eyes, that hungry kitchen knifeAh, I see sir, that I have your attention!Well, could it be?How often I've asked that questionWell, then in quick successionWe had babies, one, two, three We called them Hilda, Hattie and HollyThey were their mother's childrenTheir eyes were bright blue jewelsAnd they were quiet as a mouseThere was no laughter in the houseNo, not from Hilda, Hattie or Holly"No wonder", people said, "poor mother Joy's so melancholy"Well, one night there came a visitor to our little homeI was visiting a sick friendI was a doctor thenJoy and the girls were on their own La la la la la la la la la laLa la la la la la la la la la Joy had been bound with electrical tapeIn her mouth a gagShe'd been stabbed repeatedlyAnd stuffed into a sleeping bagIn their very cots my girls were robbed of their livesMethod of murder much the same as my wife'sMethod of murder much the same as my wife'sIt was midnight when I arrived homeSaid to the police on the telephoneSomeone's taken four innocent lives They never caught the manHe's still on the looseIt seems he has done many many more Quotes John Milton on the walls in the victim's bloodThe police are investigating at tremendous costIn my house he wrote "his red right hand" That, I'm told is from Paradise LostThe wind round here gets wicked coldBut my story is nearly toldI fear the morning will bring quite a frost And so I've left my homeI drift from land to landI am upon your step and you are a family manOutside the vultures wheelThe wolves howl, the serpents hissAnd to extend this small favour, friendWould be the sum of earthly bliss Do you reckon me a friend?The sun to me is dark And silent as the moon Do you, sir, have a room?Are you beckoning me in?

Considerações ao sabor do dia

Tentei acordar mais cedo do que é meu hábito, para prevenir da greve do Metro a minha pontualidade. E enfim, a consumação do objectivo satisfez-se pela metade, tendo conseguido tirar o corpo da cama no ponto exacto entre a meia hora anterior desejada e a catástrofe da meia hora seguinte. Há algo em mim de patológico que me prende sempre à cama para lá do que seria cauteloso, por muitos despertadores que coloque a despertar- chegam a ser quatro - mas enfim, lá me levantei.
Não estava nem muito atrasado nem muito adiantado. Abrir a porta e ver os meus dois delfins peludos em sentinela à porta do quarto tem sempre graça. Um gajo mesmo se atrasado sorri e pensa que mal não virá ao mundo se perder tempo num minuto de colo aos gatos. Assim faz.
A camisa, a camisa é um problema: não está nenhuma passada a ferro e sei que a minha natural falta de arte requer tempo demasiado para que o resultado do mester seja satisfatório. E de repente numa bolita cogitante de B.D. sobre a minha cabeça, aparece a Inês que diz que deixar a camisa pendurada na casa de banho durante um banho quente faz maravilhas. Escolho uma menos má, esgravato uma barba rapando o pescoço- mais uma artimanha de gajo com falta de tempo que quer salvar a aparência de indigente- e sai um banho quente com a camisa por perto. Maravilha! Resulta! Beijo telepático à Inês e segue o ritual.
Apanhei um comboio que talvez me mantenha no horário. Pelo meio até consegui morder alguma coisa de pequeno almoço na plantaforma da FERTAGUS. Isto marcha. E lá vou eu esmagado no meio da populaça. "Como é ruim ser pobre"- a hora de ponta recorda-me sempre esta verdade dolorosa. Dizia, vou esmagado. E emerge-me às narinas um cheiro estranho. Prescruto o ar. Não, não é o que pensam. Aliás isso já sucedeu em outras ocasiões. É algo de menos pesado à alma mas que tragicamente me calha na rifa. Sim! A minha pasta que trago à tiracolo. O sacana do Hamlet mijou-me a pasta! Não foi uma mijadela arrojada. Cheiro-a discreto. O cheiro é ténue. Foi um borrifo fugás de felino que provavelmente foi surpreendido nos preliminares do crime. Filho-da-mãe, ainda assim! Olho os meus camaradas de viagem. Sentirão o cheiro? Saberão que carrego comigo a culpa? A minha paranóia diz-me que sim, que todos me dirigem olhares reprovadores. E é um alívio quando as portas da composição desaguam em Sete-Rios e posso fugir da minha culpa.
Autocarros de substituição do metro. Já estou francamente descansado com a evidência de que chegarei a horas. Porque já vou novamente enlatado numa marcha que se faz a bom ritmo. Num instante estamos na Praça de Espanha. Toca um telemóvel ao meu lado, e uma senhora gorda de meia-idade desunha-se a tirar o aparelhinho da mala. É um modelo decrépito da Nokia, que se pronuncia num modesto toque monofónico. O Raspa. O Raspa? Mas quem é que já usa o Raspa? Da outra ponta do autocarro alguém recebeu uma mensagem. Sei porque a voz digital de uma risada de bebése repete em loop. E eu ponho-me a pensar que gostaria de fazer tocar em simultâneo os telemóveis de toda aquela gente. E ouvir os hinos do Benfica, e as popalhadas da moda, e os besouros de discretos e, quem sabe, levantar-se um berro vernáculo "Oh Monte de Merda, atende o telemóvel, pá!". Ah, Ricardo! Como era bom que me ligasses agora... ... para que aquela gente entendesse o que é solenidade. Ouvir-se primeiro o rufar de tambores, depois címbalos e trombetas e reconhecerem as hostes a fanfarra gloriosa da XX Century Fox a bombar no meu telemóvel!